Um breve histórico sobre desenhos e layout de placas de circuito impresso

Se engana quem acha que apenas softwares são capazes de entregar um layout final totalmente confiável e pronto para a produção das placas de circuito impresso. O seu funcionamento depende de uma série de definições de parâmetros. Você tem ideia de como funciona todo esse processo? Para te ajudar a entender mais sobre isso, iniciamos uma série de artigos sobre o tema. Confira!

8 de fevereiro de 2023

Os mais modernos softwares para criação do layout de placas de circuito impresso são ferramentas incríveis que vieram para facilitar e economizar muitas e muitas horas dos projetistas ou layoutistas de placas.

Recursos como o autorroteador, por exemplo, simplesmente desfizeram aqueles incríveis nós que surgiam no cérebro e queimavam milhares de neurônios de quem tinha o árduo trabalho de interligar todas as trilhas em uma placa de circuito impresso, muitas vezes de uma única face.

Mas se engana quem acha que esses recursos são capazes de entregar um layout final totalmente confiável e pronto para a produção das placas de circuito impresso, pois seu funcionamento depende de uma série de definições de parâmetros que se não estiverem muito bem definidos, o resultado pode ser bastante decepcionante.

Na grande maioria das vezes os layoutistas são obrigados a interceder e efetuar uma grande transformação nesses layouts com ajustes em diversos posicionamentos, dimensões, percursos, distanciamentos, inclinações e formas, das trilhas e pads de uma placa.

Situações específicas cada vez mais críticas, relacionadas a impedância, velocidade de sinais, dissipação térmica, frequência, entre outras situações provocadas pela constante miniaturização em quase todas as áreas da eletrônica, tornam a atuação e os conhecimentos de um layoutista fator fundamental em todo o projeto.

Portanto, a importância desse profissional não pode ser diminuída, pois a falsa ilusão de que o software entregará um resultado definitivo da placa ainda é apenas uma expectativa que, se algum dia for alcançada, deve demorar pelo menos algumas décadas para acontecer.

Além disso, a quantidade de recursos desde a formação de bibliotecas até testes funcionais que esses softwares disponibilizam, fazem com que o profissional de layout consiga extrair o máximo de recursos viabilizando todo o projeto, inclusive a geração de listas e de todos os documentos para fabricação.

Mas sem dúvida o avanço que esses softwares trouxeram mudou consideravelmente o tempo gasto na execução de um layout e também do design de uma placa.

Layoutistas mais experientes com certeza se lembram das inúmeras horas debruçadas sobre papéis milimetrados ou quadriculados em décimo de polegadas que eram utilizados para se rabiscar o posicionamento dos componentes e o traçado das trilhas.

Papel quadriculado décimos de polegadas

Gabaritos plásticos ajudavam bastante nessa tarefa, mas por melhor que se posicionasse os componentes, no momento de efetuar todas as ligações, sempre era preciso alterar esses posicionamentos diversas vezes até se conseguir a melhor forma de conectar todos os componentes de acordo com o esquema elétrico. Lapiseiras e borrachas eram ferozmente consumidas nesse árduo trabalho, ainda mais em uma época em que as dificuldades de se imprimir e corroer trilhas muito finas dificultavam ainda mais todo o trabalho.

Gabarito escala 2:1 / Gabarito de componentes para layout

Uma vez vencida essa etapa de se conseguir fazer todas as ligações sem apelar para os indesejáveis jumpers, aí então começava um novo desafio que era transformar aquele esboço em uma arte final. Apenas os layoutistas com quedas para o desenho técnico é que se arriscavam a prosseguir o trabalho. Mas muitas vezes era preciso contratar um desenhista, que devido à alta complexidade dos traçados aliados aos poucos recursos da época (canetas, tira linhas e tintas nanquim, entre outras) se viam obrigados a desenhar em escala maior e depois reduzir fotograficamente o desenho como forma de minimizar suas imperfeições.

Mas as primeiras evoluções foram chegando e surgiu então a fita autoadesiva de larguras bastante reduzida que eram coladas ao papel poliéster, acetato ou myler, fazendo o traçado das trilhas. Eram uma espécie de fita crepe de larguras que variavam de 0,5mm a 2,0mm, sempre na cor preta que impedia a passagem de luz. A mais conhecida delas era a fita Bishop, e apesar de ser uma grande aliada dos arte-finalistas foi logo substituída pelos decalques, que também faziam o mesmo papel das fitas, mas possibilitando uma definição e precisão de posicionamento muito melhores.

Fita Bishop

Existiam decalques de trilhas, ilhas, curvas, pads, de circuito integrado já com seus distanciamentos apropriados, o que facilitava muito a vida dos desenhistas.

Decalc Eletroset

Um desses decalques, o ALFAC, era importado da Bélgica, numa época em que os custos de produtos importados eram bastante elevados.

Artes finais desenhadas com ALFAC e Eletroset

Após algum tempo marcas nacionais como o “Eletroset” começaram a surgir e melhorar consideravelmente esses custos.

A qualidade desses decalques, aliada ao avanço nos processos de impressão das placas, já dispensava na maioria das vezes a necessidade de se fazer os desenhos em escalas maiores, podendo então se gerar os desenhos já em escala 1:1. Dessa forma, quando ainda em fase de protótipos, já era possível gerar algumas placas sem a necessidade dos fotolitos, usando-se a própria arte final sempre feita em filmes e papéis translúcidos.

Fotolito negativo reduzido de escala 2:1

E quando surgiu o primeiro software para layout de placas de circuito impresso todo esse sofrimento começou a se reduzir. Apesar de que os primeiros softwares produziam layouts bastante decepcionantes no que se refere a traçados adequados para a fabricação de uma placa de circuito impresso.

Infelizmente muitos acreditavam que pelo fato de um software gerar o layout, o trabalho do layoutista, nem sempre muito barato, poderia ser substituído pelo trabalho daquele “sobrinho” que sabia “mexer” no computador. E então inúmeros layouts nada profissionais chegavam às nossas mãos para “tentarmos” fabricar uma placa. Mas com bastante paciência e troca de informações conseguimos ajustar parâmetros, orientar clientes, e até ajudar a formar novos layoutistas para aquele novo desafio.

O primeiro software que tivemos contato era o smArtwork que, apesar de suas limitações, já era considerado um avanço tecnológico imenso em relação aos papéis milimetrados, tintas, fitas e decalques. Logo esses softwares foram evoluindo e o resultado melhorando ano após ano. No início eram softwares que rodavam somente em MS-DOS. O primeiro deles a encantar todo o segmento de forma mais cativante foi o Tango, pois era uma grande evolução aos seus antecessores.

Com a chegada do Windows, começaram a surgir inúmeros outros softwares com recursos não somente de geração do layout da placa como também do esquemático e muitas outras funcionalidades que agilizam demais o trabalho dos projetistas e layoutistas, que apesar de toda evolução continuam sendo absolutamente indispensáveis para a correta aplicação de todos esses recursos, pois diversas questões técnicas complexas cada vez mais presentes no mundo da eletrônica ainda não podem ser solucionadas sem esses profissionais.

A TEC-CI apoia diretamente esses profissionais promovendo sempre a indicação mais adequada aos clientes que tenham qualquer dificuldade na geração do layout, e em breve estaremos reforçando o apoio também aos nossos clientes com dicas importantes desses profissionais altamente gabaritados divulgando conteúdo de qualidade sobre tudo o que envolve layout. Acompanhe tudo aqui pelo nosso blog!

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